quinta-feira, 7 de maio de 2009

Sobre o meu amor por Chico Buarque

Há cerca de pouco mais de um ano eu vi o Chico em um evento que homenageava Jorge Amado no Sesc Pinheiros. Ao chegar em casa, escrevi um texto sobre aquele momento, hoje eu o reli e já sem a emoção de ter acabado de encontrar o Chico pude perceber o quanto esse Francisco me toca, apenas pelo que escreve, apenas por existir...

O texto eu reproduzo abaixo:

Já passava das 20h quando começou o esperado evento, das palavras de Paloma, a filha de Jorge Amado vem a síntese do que senti nessa noite: "sonhar é o maior bem que nós temos, pois ninguém pode tomar nossos sonhos, a verdade do sonho está em nos livrar da nossa triste condição". E o meu sonho, sendo a verdade ou a ilusão, tem nome e sobrenome: Francisco Buarque de Hollanda.
O primeiro vídeo é o de Dona Flor e Seus Dois Maridos, o livro teria ainda uma leitura dramática de alguns trechos, o que cabe aqui uma digressão, pois Marat Descartes como Vadinho foi a surpresa, não esperava e só tornou a noite ainda mais agradável, sem contar que o "mestre de cerimônias" da homenagem, o ator Luis Miranda estava explêndido, fiquei impressionada com o trabalho de voz, a presença no palco. Mas não era uma peça, não estamos falando de teatro, então voltemos ao grande fato marcante, o objeto do texto e da paixão da autora.
Trêmulo, o ator chama o quarto convidado da noite... não, não foi isso, o ator também estava nervoso, na verdade era o segundo convidado e o mesmo se encarrega de corrigi-lo, e entra no palco Francisco Buarque de Hollanda.
Minhas mãos não paravam de tremer, meus olhos procuravam os dele a todo instante, inebriada por aquela imagem que tanto mexe comigo. Não conseguia controlar a câmera, esqueço de apertar o play, quando percebi, vi que não havia sequer um segundo de gravação. Mas aquilo pouco me importava, pois o momento estava na minha memória.
A leitura foi rápida, ao seu final nem mais um minuto no palco, nem uma canção. Logo Chico sai e a homenagem segue, ainda teriam momentos emocionantes, o maior deles protagonizado pelo escritor moçambicano Mia Couto, dizendo sobre a influência de Jorge Amado na literatura africana. De acordo com Mia, o sucesso do autor brasileiro devolveu a fala aos moçambicanos, um novo idioma, o português libertado de Portugal.
Caetano sobe ao palco e além da leitura ele canta, é doce morrer no mar, são doces suas palavras. Acaba o evento, é hora de voltar para casa e volto a questão do sonho e a verdade, estaria a verdade na pequena realidade de cada um ou no imenso sonho? O meu sonho estava a poucos metros, ele parecia real, mas prefiro que ele continue a minha ilusão, pois na realidade não é nada fácil ser Chico Buarque, sempre muitos fotógrafos em cima, muitos fãs, muitas pessoas loucas que assim como eu achavam que ele era o marido delas, o amante ou seja lá o que for, além de mídia, holofotes em que até o erro cometido torna-se motivo para aplausos.
Mas fora tudo isso, a única coisa que posso garantir é que o Chico me faz entender o que é o amor, pois o amor que eu sinto por ele é o amor que não exige nada em troca, eu apenas o amo, sua simples presença me faz tremer, imaginar que estamos tão próximos, respirando o mesmo ar me deixa atônita, eu não espero nada em recompensa desse amor, pois ele é o meu acalanto, quando a minha realidade me machuca recorro a ele, com suas canções, sua poesia. Chico me faz chorar, mas é um choro bom, é o choro de quem sente que o amor existe, de quem tem a consciência de que a vida pulsa, apesar de.
Palavras nesse momento me faltam, prefiro ficar com a imagem, dele, sempre...
(março de 2008)

Nenhum comentário:

Postar um comentário