domingo, 4 de dezembro de 2011

À guisa de uma despedida

Poxa, Magrão, por que se foi assim tão cedo??
De todas as vezes que você foi internado eu sempre achava que você ia se sair bem. Sei lá, apesar de acharem que sou um tanto cética e pessimista, acredito que pessoas imprescindíveis vão viver por muito tempo, exatamente por fazerem a diferença, por estarem sempre desafinando o coro dos contentes...
Mas confesso que no fundo não me agradava ter que te ver doente, saber que mesmo após um transplante você não poderia mais nem tomar a cerveja que tanto gostava...
Ah, Magrão, você me proporcionou um dos momentos mais felizes durante o período em que cursei a faculdade de direito, te conhecer, sentar na mesa de bar contigo, tomar várias cervejas, conversar sobre política, futebol e até dançar forró...definitivamente essa história de uma vida careta não tinha muito a ver com você...
Além de tudo, se eu gosto tanto de futebol até hoje, você é um dos responsáveis por isso, pela sua postura dentro e fora dos gramados, pela sua inteligência, pelo seu jeito sincero e contestador.
Mas e agora, quem vai continuar a sua luta??Quem vai ser a dor de cabeça para Ricardos Teixeiras, Andrés Sanchez e outros tantos?? Quem vai escrever com tanta elegância e tanta contundência sobre as mazelas do nosso futebol?? Quem vai ter a sua coragem para continuar incomodando??
Como já foi falado em uma das muitas das homenagens que te fizeram, você morreu de tanto viver, mas apesar de saber disso, queria que tivesse vivido mais...
E como não dá para parar o tempo e te trazer de volta, só tenho uma coisa a dizer:
Porra, Magrão, você conseguiu o impossível, fazer com que eu torcesse ao menos uma vez na vida pelo Corinthians, só para satisfazer o seu desejo de morrer em um domingo e com o Corinthians campeão...
E quem sabe essa vida seja só uma passagem e um dia nos encontraremos novamente...
Adeus, Magrão e obrigada por ter existido!!!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Carta de um eleitor de Serra

Não concordo muito com as premissas de inserção via consumo, mas como estamos em guerra contra um mal maior chamado José Serra, resolvi postar esse texto que recebi por email:

Desculpem amigos, vou votar no Serra por causa do seguinte:

Cansei de ir ao supermercado e encontrá-lo cheio. O alimento está barato demais. O salário dos pobres aumentou, e qualquer um agora se mete a comprar, carne, queijo, presunto, hambúrguer e iogurte.
Cansei dos bares e restaurantes lotados nos fins de semana. Se sobra algum, o povinho todo vai para a noite. Cansei dessa multidão comprando, comprando, comprando. E nao adianta trocar de supermercado; é tudo a mesma coisa, tudo cheio de filas, a gente trambando.

Cansei de ir em Shopping e ver a pobreza comprando e desfilando com seus celulares.

O governo reduziu os impostos para os computadores. A Internet virou coisa de qualquer um. Pode? Até o filho da manicure, pedreiro, catador de papel, agora navega...

Cansei dos estacionamentos sem vaga. Com essa coisa de juro a juro baixo, todo mundo tem carro, até a minha empregada. " É uma vergonha! ", como dizia o Boris Casoy. Com o Serra os congestionamentos vão acabar, porque como em S.Paulo, vai instalar postos de pedágio nas estradas brasileiras a cada 35 km e cobrar caro.

Cansei da moda banalizada. Agora, qualquer um pode botar uma confecção. Tem até crédito oferecido pelo governo. O que era exclusivo da Oscar Freire, agora, se vende até no camelô da 25 de Março e no Braz.

Vergonha, vergonha, vergonha...

Cansei de ir em banco e ver aquela fila de idosos no Caixa Preferencial, todos trabalhando de office-boys.

Cansei dessa coisa de biodiesel, de agricultura familiar. O caseiro do meu sítio agora virou "empreendedor" no Nordeste. Pode?! Cansei dessa coisa assistencialista de Bolsa Família. Esse dinheiro poderia ser utilizado para abater a dívida dos empresários de comunicação (Globo,SBT,Band, RedeTV, CNT, Fôlha SP, Estadão, etc.). A coitada da "Veja" passando dificuldade e esse governo alimentando gabiru em Pernambuco. É o fim da picada!!!

Cansei dessa história de PROUNI, que botou esses tipinhos, sem berço, na universidade. Até índio, agora, vira médico e advogado. É um desrespeito à profissão ! Meus filhos, que foram bem criados, precisam conviver e competir com essa raça.

Cansei dessa história de Luz para Todos. Os capiaus, agora, vão assistir TV até tarde. E, lógico, vão acordar ao meio-dia. Quem vai cuidar da lavoura do Brasil? Diga aí, seu Lula...

Cansei dessa história de facilitar a construção e a compra da casa própria (73% da população, hoje, tem casa própria, segundo pesquisas recentes do IBGE). E os coitados que vivem de cobrar aluguéis? O que será deles? Cansei dessa palhaçada da desvalorização do dólar. Agora, qualquer um tem MP3, celular e câmera digital. Qualquer umazinha, aqui do prédio, vai passar férias no Exterior. É o fim...

Vou votar no Serra. Cansei, vou votar no Serra, porque quero de volta as emoções fortes do governo de FHC, quero investir no dólar em disparada e aproveitar a inflação. Investir em ações de Estatais quase de graça e vender com altos lucros. Chega dessa hipocrisia de cooperação. O motor da vida é a disputa, o risco... Quem pode, pode, quem não pode, se sacode. Tenho culpa eu, se meu pai era mais esperto que os outros para ganhar dinheiro comprando ações de Estatais quase de graça? Eles que vão trabalhar, vagabundos, porque no capitalismo vence quem tem mais competência. É o único jeito de organizar a sociedade, de mostrar quem é superior e quem é inferior.

Eu ia anular, mas cansei. Basta! (hahahahaha... boa, movimentinho de MERDA da classe média alta...) Vou votar no Serra. Quero ver essa gentalha no lugar que lhe é devido. Quero minha felicidade de volta.”

Dr. Eike

sábado, 24 de abril de 2010

E por falar em saudade...

Nossa, quanto tempo não passo por aqui!!! Meu último post foi a respeito de mais uma tentativa de me empenhar na academia, e o resultado foi obviamente mais uma desistência, não passei da terceira semana. Vida de gente saudável não é para mim, gosto mesmo é de sentar num bar, tomar cerveja, comer batata frita e filosofar sobre o mundo. Agora que se aproximam as eleições, melhor ainda, assuntos não faltam:PT, PSOL, socialismo, reformismo, alianças, nada passa incólume, tudo é discutido e motivo para mais uma cerveja.

Na verdade este não é um post sobre eleições ou academia, resolvi escrever por aqui para tirar a poeira do espaço. E resolvi escrever por aqui acima de tudo porque sinto saudades. Saudades não só do tempo no qual o blog era um escape para minhas angústias, mas uma saudade generalizada.

Sinto saudade de passar o dia todo ouvindo Chico Buarque; saudade de pegar o guia de teatro, passar o fim de semana todo de teatro em teatro e depois ficar horas no bar discutindo a situação das artes cênicas em São Paulo; saudade sobretudo do tempo em que o Teatro Oficina era praticamente a minha segunda casa, onde eu conhecia quase todos.

Sinto saudade de andar pela Paulista de madrugada depois de sair de algum boteco na Augusta; saudades das loucuras impublicáveis no tempo da Faculdade de Direito (por mais que eu odiasse o curso e a maioria das pessoas de lá, foi na São Francisco onde encontrei as pessoas mais importantes na minha vida); saudade até dos congressos internos do Ruptura; saudade da Carla, dos tempos nos quais moramos juntas, sempre tão diferentes e ao mesmo tempo tão amigas; saudade da Bethânia que está em Portugal (dela eu tenho na verdade uma invejinha, fica lá tomando vinho e filosofando enquanto os pobres mortais aqui no Brasil continuam com suas vidinhas bem inhas).

Tenho saudades de tantas coisas que descrevê-las daria um texto chato e enfadonho, tal como se eu fosse descrever minha vida nos últimos tempos. Uma vida de quem vive a esperar, talvez por algo que não sei se existe, algo com a possibilidade de ser tão real como uma ilusão.

Então, algumas de minhas saudades descritas seriam apenas a desculpa para eu ter algo a dizer aqui...ou seriam a lembrança de que é possível tomar um novo caminho...não sei, que tal discutirmos isso numa mesa de bar???

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Projeto gostosa em 2010

Primeiro dia do meu projeto "Bruna gostosa em 2010" e já não sei mais até em que ponto foi uma boa ideia iniciá-lo no modo "com esforço". Depois de uns dez anos voltei a lembrar como é chato e cansativo fazer musculação e como é longo o prazo dos resultados. Mas tudo bem, depois do fiasco na prova do mestrado, resolvi trocar os planos de ser intelectual pelo de ser gostosa.

Antes de mais nada, é preciso dizer que, na verdade, acho essa oposição usar o corpo X usar a mente falsa, ela deriva da divisão do trabalho no capitalismo, na qual houve uma separação entre o trabalho manual e o trabalho intelectual, ou seja, é produto também de uma consciência reificada, mas sociologismos à parte, o fato é que ambos demandam esforço e para uma pessoa preguiçosa como eu, ou é um ou é outro. E devido a minha recente falta de paciência com o mundo acadêmico e com as pessoas que vivem nele, nesse momento optei em apenas querer ser gostosa.

No primeiro momento pensei no caminho mais fácil, fazer lipoaspiração. Fui convencida de que não resolveria, ficaria magra, sem barriga, mas continuaria flácida. Convenceram-me a enfrentar a academia. Só que no primeiro dia, o professor já me disse que meu projeto não é nada fácil, pois como sou magra, se eu quiser perder barriga, junto com ela perderei perna, bunda, etc, etc, etc. O resultado disso é um esforço maior ainda, horas de musculação para ganhar massa nos membros inferiores, junto com exercícios aeróbicos e mais dieta. O lado bom foi o fato dele me dizer que, pelo menos no caso dos braços, bastam apenas exercícios para enrijecê-los, quer dizer, bom não, menos pior.

Fiz tudo como ele havia me dito e passei bem pelo primeiro dia, mas isso não excluiu o fato de eu ter pensado várias vezes durante aqueles exercícios chatos em sair de lá e deixar tudo como está, ou em voltar ao projeto no modo "sem esforço" e entrar na cânula da lipo, ou ainda em ser apenas a nerd preguiçosa que sempre fui. Não, agora que comecei vou tentar chegar ao meu propósito, até já recebi incentivos, inclusive virtuais. Já me disseram que eu consigo ser intelectual e gostosa. Então, tendo em vista que o projeto é longo e o tempo é curto, vamos correr porque também é necessário!!!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

"Eu te dou de presente São Paulo"

"Eu te dou de presente São Paulo". A frase foi mais ou menos essa, dita ao final do espetáculo Santidade, pelo personagem de Zé Celso ao ex-seminarista sustentado por ele, mas o que me fez lembrar dela foi assistir ao filme "Quanto dura o amor?". O filme tem como pano de fundo uma São Paulo que me é muito próxima, o edifício no qual foi filmado é o lugar onde frequentei por muito tempo, tinha amigos que moravam por lá, assim como me é próximo o fórum, o restaurante japonês na Liberdade e um pouco da vida daqueles personagens.

Sempre me senti um pouco outsider, o que agrada a maioria das pessoas geralmente não me agrada. Estudei por cinco anos em uma faculdade tradicional da qual nutri o mais profundo desprezo, muito da cidade oficial me fazia sentir como um alienígena, era como estar em uma ilha cercada de hostilidade.

Com o tempo aprendi que São Paulo é um pouco assim, vivo na cidade que nos convida à solidão. Por aqui estamos juntos, mas ao mesmo tempo estamos muito sós. Descobrimos os espaços undergrounds, mas eles são apenas a outra face da exclusão. Para compreender essa cidade é preciso olhar atentamente para os seus detalhes que muitas vezes nos fogem.

Estamos diante de um mundo de contradições, podemos estar dentro ou fora, somos atraídos e ao mesmo tempo cuspidos por essa grande roda viva. Se as relações típicas da modernidade são efêmeras, por aqui elas parecem ainda mais fulgazes. Mas apesar de tudo há o encanto de um lugar que nos chama, exatamente por ser assim, o avesso do avesso do avesso do avesso, como bem cantou Caetano.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Só sei que é preciso paixão

Às vezes não nos damos conta do óbvio porque ele está ali, embaixo demais dos nossos olhos para que o enxerguemos. Mas por um descuido do não, de repente ele nos surge como uma revelação.

Esse é o momento no qual o extraordinário torna-se o corriqueiro, e no minuto seguinte já não sabemos como vivemos tanto tempo sem ao menos perceber algo que nos é tão essencial, quase como o ar que respiramos.

Se conseguiremos manter a magia da descoberta? Difícil tal resposta. Quer dizer, não temos a resposta, pois o grande lance de toda a história é vivê-la sem saber como será o próximo momento.

Se temos ao menos um palpite? Esta seria uma questão mais fácil, a resposta pode estar nos nossos olhos, eles dizem muito a respeito do que esperamos.

Mais não conseguiria dizer, existem coisas que só vivendo para saber...



sábado, 3 de outubro de 2009

O caso do camarão

Rir de si mesmo é sempre algo necessário, especialmente quando o que nos acontece seria trágico se não fosse cômico. Pois é, como além disso existem fatos dos quais só ocorrem comigo, eles não podem deixar de serem relatados, especialmente para posteriores risadas numa mesa de bar.

Deixando a enrolação de lado, o caso é que na última quinta-feira, estava saindo de casa para ir à USP, precisava entregar um livro, tinha uma prova e uma reunião com meu grupo de seminário. Mas antes de ir até lá parei numa praça de alimentação de shopping para almoçar, o lugar escolhido foi a Vivenda do Camarão. Não que eu fosse uma grande fã de camarão, mas me deu vontade de comer e lá fui eu.

Depois do meu almoço, fui para USP, entreguei o livro e sentei para arrumar meus textos, foi quando de repente, minha garganta começou a coçar e surgiram umas marcas de alergia no rosto e no corpo. Elas eram poucas, mas com o passar dos minutos se reproduziram em grande velocidade.

Diante da situação saí correndo de lá e parei na primeira farmácia que encontrei, foi quando o farmacêutico me disse:

- Nossa menina, se você não tomar um antialérgico rápido sua garganta vai fechar!!

Foi aí que rapidamente eu resolvi tomar o tal do antialérgico. Porém, não sabia que mesmo tendo tomado uma injeção, ia levar um tempo para agir e nisso o meu rosto não parava de inchar. Então, deparei-me com uma situação bizarra, dentro de um ônibus, com o rosto quente e muito inchado.

Em pouco tempo parecia que me rosto estava desfigurado de tão grande e nesse meio tempo eu andava pela Paulista para chegar até em casa. Imagino que as pessoas das quais andavam pela rua achavam que viam um ET na terra. E coloque aí mais um detalhe: havia esquecido meu óculos de sol em casa, não dava nem para disfarçar e esconder os olhos.

Isso aconteceu há dois dias, mas para ter uma idéia de como foi forte a reação alérgica, até agora meus olhos estão um pouco inchados. O engraçado dessa história toda foi olhar no espelho e não me reconhecer, mudou o formato dos meus olhos e por consequência, o meu rosto mudou.

E com isso, mais do que chegar à conclusão de que nunca mais como camarão, pois além da alergia ele me custou uma parte da nota, já que não pude fazer a prova, concluí também que se há algo que dificilmente faria é cirurgia plástica no rosto. Qualquer mudança no rosto pode mudar totalmente a aparência de uma pessoa e se o resultado for ruim não há como voltar atrás.

O lado bom é que eu descobri ser alérgica à camarão, já pensaram se fosse a chocolate? Minha vida perderia muito da sua graça...


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O regulamento

Moro há quase cinco anos no mesmo lugar e só agora percebi que o meu prédio tem um regulamento, tão velho quanto ele, pois segundo a vizinha da frente, o edifício no qual moramos já tem uns oitenta anos.

Antigo ou não, descobri que vivo em um lugar cujo regulamento me faz lembrar autoritarismo e discriminação. Uma das cláusulas diz estar proibida a entrada de empregados nas reuniões de condomínio, a outra diz ser proibida a habitação de doentes mentais e pessoas com doenças contagiosas. Há mais uma cláusula que me irritou, mas como minha mente é seletiva, esqueceu da besteira escrita naquilo.

Fiquei pensando o porquê daquele regulamento estar exposto a tanto tempo nas paredes e eu nunca ter tido a curiosidade de lê-lo. Talvez eu já intuísse sobre o que me esperava ao passar os olhos por lá. Aliás, existem muitas coisas perto de casa das quais me passam desapercebida e acho que o motivo pelo qual isso acontece se deve ao fato de eu conhecer bem o bairro em que moro e inconscientemente (ou não) prefira estar alienada do que se passa.

É por essas e outras que às vezes invejo os contentes, eles não se preocupam com esses fatos. Por isso são contentes, o mundo deles tem tão mais cores.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

...

"...Nunca precisou fazer as perguntas que atormentam os casais humanos: será que ele me ama? será que gosta mais de mim do que eu dele? terá gostado de alguém mais do que de mim? Todas essas perguntas que interrogam o amor, o avaliam, o investigam, o examinam, será que não ameaçam destruí-lo no próprio embrião? Se somos incapazes de amar, talvez seja porque desejamos ser amados, quer dizer, queremos alguma coisa do outro (o amor), em vez de chegar a ele sem reivindicações, desejando apenas sua simples presença."

(Milan Kundera em A insustentável Leveza do Ser)

sábado, 19 de setembro de 2009

Sobre Arnaldo Baptista e a cultura da celebridade

Acabei de assistir ao documentário Loki, sobre a trajetória de Arnaldo Baptista e ao vê-lo me fez pensar sobre essa tão falada cultura da celebridade. À primeira vista, parecia estar vendo a decadência de um artista que passou do estrelato ao semi anonimato e com isso enlouqueceu. Mas um olhar mais cuidadoso nos faz ver além disso.

Arnaldo é um grande artista, o que é preciso ser reconhecido independente de se gostar da sua música, de uma sensibilidade e inteligência acima da média e como toda alma de artista não consegue viver o mundo de quem encara o dia-a-dia, trabalha 8 horas por dias e recebe um salário no final do mês. Talvez o medo de ter que acabar como os demais reles mortais o tenha feito tentar o suícidio.

A dinâmica do show business é totalmente diversa de uma vida de anonimato e ainda que possa ser criticada, quando se vive nela, acostuma-se com a roda viva. Ver e ser visto, criticado ou elogiado mexe com o ego de qualquer pessoa. De uma maneira ou de outra, todos procuram ser reconhecidos e ver o seu nome nos jornais, nas ruas; ser célebre no meio da multidão de anônimos faz o indivíduo acreditar ser diferente dos demais.

O problema maior está quando se perde a dimensão do quão falso é esse mundo de aparências e pior ainda é ter que voltar a ser anônimo, se ver como mais um quando se acreditava ser o outro, aquele que um dia já foi cultuado. É aí que surgem as histórias de gente que esquecida pela mídia e num afã de voltar aos holofotes fazem coisas das quais a nossa racionalidade não compreende, chegando até a tentar se matar.

Não creio que esse seja o caso específico de Arnaldo Baptista, pois se trata de um grande artista, menos interessado em aparecer na mídia do que em viver da sua arte. Mas o seu caso me fez pensar nesse mundo de celebridades, no qual inebria a tantos.