segunda-feira, 21 de setembro de 2009

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"...Nunca precisou fazer as perguntas que atormentam os casais humanos: será que ele me ama? será que gosta mais de mim do que eu dele? terá gostado de alguém mais do que de mim? Todas essas perguntas que interrogam o amor, o avaliam, o investigam, o examinam, será que não ameaçam destruí-lo no próprio embrião? Se somos incapazes de amar, talvez seja porque desejamos ser amados, quer dizer, queremos alguma coisa do outro (o amor), em vez de chegar a ele sem reivindicações, desejando apenas sua simples presença."

(Milan Kundera em A insustentável Leveza do Ser)

sábado, 19 de setembro de 2009

Sobre Arnaldo Baptista e a cultura da celebridade

Acabei de assistir ao documentário Loki, sobre a trajetória de Arnaldo Baptista e ao vê-lo me fez pensar sobre essa tão falada cultura da celebridade. À primeira vista, parecia estar vendo a decadência de um artista que passou do estrelato ao semi anonimato e com isso enlouqueceu. Mas um olhar mais cuidadoso nos faz ver além disso.

Arnaldo é um grande artista, o que é preciso ser reconhecido independente de se gostar da sua música, de uma sensibilidade e inteligência acima da média e como toda alma de artista não consegue viver o mundo de quem encara o dia-a-dia, trabalha 8 horas por dias e recebe um salário no final do mês. Talvez o medo de ter que acabar como os demais reles mortais o tenha feito tentar o suícidio.

A dinâmica do show business é totalmente diversa de uma vida de anonimato e ainda que possa ser criticada, quando se vive nela, acostuma-se com a roda viva. Ver e ser visto, criticado ou elogiado mexe com o ego de qualquer pessoa. De uma maneira ou de outra, todos procuram ser reconhecidos e ver o seu nome nos jornais, nas ruas; ser célebre no meio da multidão de anônimos faz o indivíduo acreditar ser diferente dos demais.

O problema maior está quando se perde a dimensão do quão falso é esse mundo de aparências e pior ainda é ter que voltar a ser anônimo, se ver como mais um quando se acreditava ser o outro, aquele que um dia já foi cultuado. É aí que surgem as histórias de gente que esquecida pela mídia e num afã de voltar aos holofotes fazem coisas das quais a nossa racionalidade não compreende, chegando até a tentar se matar.

Não creio que esse seja o caso específico de Arnaldo Baptista, pois se trata de um grande artista, menos interessado em aparecer na mídia do que em viver da sua arte. Mas o seu caso me fez pensar nesse mundo de celebridades, no qual inebria a tantos.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Irritada com o twitter

Novas ferramentas eletrônicas só servem para nos fazer passar cada vez mais tempo em frente ao computador. Estão sempre surgindo novas, porém nada me irrita mais do que o twitter. E o que mais me irrita nem é o tempo perdido no mundo virtual, sequer a quantidade de spams que também se proliferam por lá. Irritante mesmo são as pessoas. Não todas, é claro, até é possível encontrar coisas interessantes em 140 caracteres, porém tem gente que acha que está no big brother e relata cada momento da sua vida.

Aí eu me pergunto, qual a relevância de saber que fulano está no ônibus indo para aula ou para casa? Se sicrano vai almoçar com a mãe, com o pai, com o namorado ou com o bispo? Acho muita presunção das pessoas acreditarem que o seu dia-a-dia é tão interessante a ponto de merecer ser publicado.

No fundo todas essas ferramentas se inserem no contexto no qual estamos inseridos, em que há um culto à celebridade. Todos querem ser vistos e reconhecidos, não importa a que preço. Mas tal fato não exclui o meu direito de deletar todos as pseudo celebridades que surjam no meu twitter. Sou chata com isso mesmo...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Uma descoberta desesperadora

Descobri que não sei escrever. Uma das minhas tantas verdades provisórias é querer escrever como a Clarice Lispector. Óbvio que não conseguirei, ela é apenas o meu referencial distante, mas o problema é que ao escrever meu projeto de mestrado constatei algo mais óbvio ainda: minha dificuldade em articular os períodos é imensa, abuso do "que" para ligá-los e não tenho sequer o domínio do jargão acadêmico .

É algo pavoroso, a primeira versão do projeto estava de assustar até mesmo quem não é tão ligado às regras gramaticais e semânticas da língua portuguesa. Eu já sabia e tinha até me acostumado com a ideia de não dominar a linguagem literária, sei que não tinha futuro como Clarice Lispector, mas pelo menos me restava a linguagem científica.

Essa esperança de ter sucesso na escrita científica vinha da minha última aula de temas de sociologia, pois o professor, ao citar um autor que escreveu sobre o surgimento da disciplina, dizia ser a sociologia uma disciplina nascida da disputa entre as ciências naturais e a literatura, e de acordo com o momento histórico pendia mais para um lado ou para outro. Pois, bem, os últimos dias me mostraram que eu não consigo escrever nem de uma maneira, nem de outra, ou seja, na escrita científica também estou fadada a não ter muito sucesso.

Estou arrasada, será que me restará apenas a burocracia do direito????