quarta-feira, 6 de maio de 2009

A respeito de ser revolucionário no teatro

Qual o tipo de arte verdadeiramente revolucionária? Pode-se encontrar várias respostas para essa pergunta, mas para mim, arte revolucionária é aquela que com a força de quem a faz consegue tocar corações e mentes a ponto de transformá-los.

No que diz respeito ao teatro, muito se diz em novos tipos de linguagens, movimentos, e especialmente de grupos que revolucionaram a cena teatral no Brasil, em especial a paulistana. O mérito existe, obviamente, mas será que realmente se trata de uma revolução??

Pode parecer um pouco preconceituoso, mas normalmente recursos audiovisuais e especialmente microfones em cena servem de subterfugio para disfarçar a deficiência técnica dos atores. Teatro é a arte em que é mais verdadeiro o ditado que diz que o menos é mais. O que mais pode nos tocar em uma peça é a interpretação do ator, o restante é secundário.

Nesse sentido, não há nada mais revolucionário do que um ator em um palco nu que faça com que sua interpretação cause tamanho arrebatamento em quem vê. Não há sensação melhor em um teatro do que assistir a uma apresentação de Cáca Carvalho em "A Poltrona Escura", que nos leva do riso às lagrimas em segundos ou ver a força de Joana na interpretação de Georgette Fadel. Impossível sair a mesma pessoa do teatro.

É por isso que me animo pouco para sair de casa e assistir a essas peças ditas inovadoras, que na maioria das vezes são apenas reflexo do que se tornou a nossa sociedade, espetacularizada em todos os sentidos. Prefiro aguardar pelo próximo espetáculo do Antunes Filho, pois sei que mesmo naqueles que não me arrebatem, como foi o caso de Senhora dos Afogados, estão a marca de um teatro que é sinônimo de arte no seu melhor sentido.

E porque acredito nesse tipo de arte é que espero ansiosamente para assistir "Viver sem tempos mortos". O que se esperar da união de Simone de Beauvoir e Fernanda Montenegro? Eu sinceramente tentarei não criar expectativas, o que vai ser muito difícil, já que se trata da mulher que é meu ideal de vida, interpretada pela atriz que é um grande ícone do teatro nacional, mas espero poder voltar a esse espaço para relatar mais uma experiência fascinadora que só teatro pode proporcionar.

Um comentário:

  1. Meu Deus... Cacá Carvalho em "A poltrona escura"...!!!!!!! Uma das melhores peças que já vi.
    Assim que terminou, só pude pensar, horrorizada: "... e ele ainda é conhecido como Jamanta...".
    Concordo com você, Bruna. Além disso, não tenho nada contra peça comercial, acho que temos espaço para tudo. Mas às vezes eu vejo peças que já passaram o limite do "comercial", se é que fui clara. Algumas vezes saí do teatro arrependida por não ter ficado em casa assistindo ao Zorra Total. Juro. Tem peça muito muito ruim por aí mesmo.

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