quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Projeto gostosa em 2010

Primeiro dia do meu projeto "Bruna gostosa em 2010" e já não sei mais até em que ponto foi uma boa ideia iniciá-lo no modo "com esforço". Depois de uns dez anos voltei a lembrar como é chato e cansativo fazer musculação e como é longo o prazo dos resultados. Mas tudo bem, depois do fiasco na prova do mestrado, resolvi trocar os planos de ser intelectual pelo de ser gostosa.

Antes de mais nada, é preciso dizer que, na verdade, acho essa oposição usar o corpo X usar a mente falsa, ela deriva da divisão do trabalho no capitalismo, na qual houve uma separação entre o trabalho manual e o trabalho intelectual, ou seja, é produto também de uma consciência reificada, mas sociologismos à parte, o fato é que ambos demandam esforço e para uma pessoa preguiçosa como eu, ou é um ou é outro. E devido a minha recente falta de paciência com o mundo acadêmico e com as pessoas que vivem nele, nesse momento optei em apenas querer ser gostosa.

No primeiro momento pensei no caminho mais fácil, fazer lipoaspiração. Fui convencida de que não resolveria, ficaria magra, sem barriga, mas continuaria flácida. Convenceram-me a enfrentar a academia. Só que no primeiro dia, o professor já me disse que meu projeto não é nada fácil, pois como sou magra, se eu quiser perder barriga, junto com ela perderei perna, bunda, etc, etc, etc. O resultado disso é um esforço maior ainda, horas de musculação para ganhar massa nos membros inferiores, junto com exercícios aeróbicos e mais dieta. O lado bom foi o fato dele me dizer que, pelo menos no caso dos braços, bastam apenas exercícios para enrijecê-los, quer dizer, bom não, menos pior.

Fiz tudo como ele havia me dito e passei bem pelo primeiro dia, mas isso não excluiu o fato de eu ter pensado várias vezes durante aqueles exercícios chatos em sair de lá e deixar tudo como está, ou em voltar ao projeto no modo "sem esforço" e entrar na cânula da lipo, ou ainda em ser apenas a nerd preguiçosa que sempre fui. Não, agora que comecei vou tentar chegar ao meu propósito, até já recebi incentivos, inclusive virtuais. Já me disseram que eu consigo ser intelectual e gostosa. Então, tendo em vista que o projeto é longo e o tempo é curto, vamos correr porque também é necessário!!!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

"Eu te dou de presente São Paulo"

"Eu te dou de presente São Paulo". A frase foi mais ou menos essa, dita ao final do espetáculo Santidade, pelo personagem de Zé Celso ao ex-seminarista sustentado por ele, mas o que me fez lembrar dela foi assistir ao filme "Quanto dura o amor?". O filme tem como pano de fundo uma São Paulo que me é muito próxima, o edifício no qual foi filmado é o lugar onde frequentei por muito tempo, tinha amigos que moravam por lá, assim como me é próximo o fórum, o restaurante japonês na Liberdade e um pouco da vida daqueles personagens.

Sempre me senti um pouco outsider, o que agrada a maioria das pessoas geralmente não me agrada. Estudei por cinco anos em uma faculdade tradicional da qual nutri o mais profundo desprezo, muito da cidade oficial me fazia sentir como um alienígena, era como estar em uma ilha cercada de hostilidade.

Com o tempo aprendi que São Paulo é um pouco assim, vivo na cidade que nos convida à solidão. Por aqui estamos juntos, mas ao mesmo tempo estamos muito sós. Descobrimos os espaços undergrounds, mas eles são apenas a outra face da exclusão. Para compreender essa cidade é preciso olhar atentamente para os seus detalhes que muitas vezes nos fogem.

Estamos diante de um mundo de contradições, podemos estar dentro ou fora, somos atraídos e ao mesmo tempo cuspidos por essa grande roda viva. Se as relações típicas da modernidade são efêmeras, por aqui elas parecem ainda mais fulgazes. Mas apesar de tudo há o encanto de um lugar que nos chama, exatamente por ser assim, o avesso do avesso do avesso do avesso, como bem cantou Caetano.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Só sei que é preciso paixão

Às vezes não nos damos conta do óbvio porque ele está ali, embaixo demais dos nossos olhos para que o enxerguemos. Mas por um descuido do não, de repente ele nos surge como uma revelação.

Esse é o momento no qual o extraordinário torna-se o corriqueiro, e no minuto seguinte já não sabemos como vivemos tanto tempo sem ao menos perceber algo que nos é tão essencial, quase como o ar que respiramos.

Se conseguiremos manter a magia da descoberta? Difícil tal resposta. Quer dizer, não temos a resposta, pois o grande lance de toda a história é vivê-la sem saber como será o próximo momento.

Se temos ao menos um palpite? Esta seria uma questão mais fácil, a resposta pode estar nos nossos olhos, eles dizem muito a respeito do que esperamos.

Mais não conseguiria dizer, existem coisas que só vivendo para saber...



sábado, 3 de outubro de 2009

O caso do camarão

Rir de si mesmo é sempre algo necessário, especialmente quando o que nos acontece seria trágico se não fosse cômico. Pois é, como além disso existem fatos dos quais só ocorrem comigo, eles não podem deixar de serem relatados, especialmente para posteriores risadas numa mesa de bar.

Deixando a enrolação de lado, o caso é que na última quinta-feira, estava saindo de casa para ir à USP, precisava entregar um livro, tinha uma prova e uma reunião com meu grupo de seminário. Mas antes de ir até lá parei numa praça de alimentação de shopping para almoçar, o lugar escolhido foi a Vivenda do Camarão. Não que eu fosse uma grande fã de camarão, mas me deu vontade de comer e lá fui eu.

Depois do meu almoço, fui para USP, entreguei o livro e sentei para arrumar meus textos, foi quando de repente, minha garganta começou a coçar e surgiram umas marcas de alergia no rosto e no corpo. Elas eram poucas, mas com o passar dos minutos se reproduziram em grande velocidade.

Diante da situação saí correndo de lá e parei na primeira farmácia que encontrei, foi quando o farmacêutico me disse:

- Nossa menina, se você não tomar um antialérgico rápido sua garganta vai fechar!!

Foi aí que rapidamente eu resolvi tomar o tal do antialérgico. Porém, não sabia que mesmo tendo tomado uma injeção, ia levar um tempo para agir e nisso o meu rosto não parava de inchar. Então, deparei-me com uma situação bizarra, dentro de um ônibus, com o rosto quente e muito inchado.

Em pouco tempo parecia que me rosto estava desfigurado de tão grande e nesse meio tempo eu andava pela Paulista para chegar até em casa. Imagino que as pessoas das quais andavam pela rua achavam que viam um ET na terra. E coloque aí mais um detalhe: havia esquecido meu óculos de sol em casa, não dava nem para disfarçar e esconder os olhos.

Isso aconteceu há dois dias, mas para ter uma idéia de como foi forte a reação alérgica, até agora meus olhos estão um pouco inchados. O engraçado dessa história toda foi olhar no espelho e não me reconhecer, mudou o formato dos meus olhos e por consequência, o meu rosto mudou.

E com isso, mais do que chegar à conclusão de que nunca mais como camarão, pois além da alergia ele me custou uma parte da nota, já que não pude fazer a prova, concluí também que se há algo que dificilmente faria é cirurgia plástica no rosto. Qualquer mudança no rosto pode mudar totalmente a aparência de uma pessoa e se o resultado for ruim não há como voltar atrás.

O lado bom é que eu descobri ser alérgica à camarão, já pensaram se fosse a chocolate? Minha vida perderia muito da sua graça...


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O regulamento

Moro há quase cinco anos no mesmo lugar e só agora percebi que o meu prédio tem um regulamento, tão velho quanto ele, pois segundo a vizinha da frente, o edifício no qual moramos já tem uns oitenta anos.

Antigo ou não, descobri que vivo em um lugar cujo regulamento me faz lembrar autoritarismo e discriminação. Uma das cláusulas diz estar proibida a entrada de empregados nas reuniões de condomínio, a outra diz ser proibida a habitação de doentes mentais e pessoas com doenças contagiosas. Há mais uma cláusula que me irritou, mas como minha mente é seletiva, esqueceu da besteira escrita naquilo.

Fiquei pensando o porquê daquele regulamento estar exposto a tanto tempo nas paredes e eu nunca ter tido a curiosidade de lê-lo. Talvez eu já intuísse sobre o que me esperava ao passar os olhos por lá. Aliás, existem muitas coisas perto de casa das quais me passam desapercebida e acho que o motivo pelo qual isso acontece se deve ao fato de eu conhecer bem o bairro em que moro e inconscientemente (ou não) prefira estar alienada do que se passa.

É por essas e outras que às vezes invejo os contentes, eles não se preocupam com esses fatos. Por isso são contentes, o mundo deles tem tão mais cores.