quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Dignidade para que??

Eu gosto desse povo porque eles são pioneiros na jogação e o vídeo do post está aqui como uma homenagem ao fim de semana e por causa das seguintes razões:

- Porque eu já falei do Luis no post anterior, ele é latifundiário, mas é meu amigo e é super fashion, pula de óculos de sol (a marca é cara, podem ter certeza, só que ele nunca sabe o preço das coisas que compra) na piscina e dissemina a discórdia no mundo. E também porque agora ele é mais conhecido como o Alexandre de "A viagem", o que por si só já dá para saber que eu tenho muito medo...

- Porque a Thaís é mais conhecida como a " Profeta do Apocalipse". Ela é linda, mas não se enganem com os seus belos olhos azuis, especialmente se você for mulher. Tema, pois alguém denominada como "profeta do apocalipse" quando entra em ação não deixa pedra sobre pedra.

- Porque o Joãozinho é o ser mais superior que alguém possa conhecer. Só isso porque ele tem uma reputação ilibada a zelar e eu sou a pessoa que tem mais interesses escusos para que ele se torne juiz, por isso deixo as suas demais ações na esfera privada . (e antes que falem alguma coisa, sim, eu sou tendenciosa, mas é mais forte que eu, é muito amor. E um aviso: nem adianta quererem colocar olho gordo na nossa relação porque não pega, é perda de tempo. Então, no máximo leiam isso e mordam os cotovelos.)

E como já escrevi demais, segue o vídeo, os personagens do post são os três primeiros a pularem na piscina:



Nossa, esse blog já foi mais sério...essa mudança só pode ser culpa do Luis, tenho certeza...

Sobre uma certa contradição

A vida é realmente cheia de contradições, mas algumas delas nos pegam de um jeito que não há dialética que consiga interpretar. Eu caí numa dessas, conheci um latifundiário, que por uma dessas ironias do destino se tornou meu amigo.

Quando o conheci sabia que ele era filho de usineiro, mas a minha cabeça avoada não ligou as usinas do pai às fazendas de cana no interior de São Paulo. Nos conhecemos e a empatia foi logo de início, bastou um dia para estarmos nos jogando na balada como se fossemos velhos conhecidos, ele é uma daquelas pessoas que não teve vergonha de perder a dignidade junto comigo na noite do meu aniversário.

Pois bem, passados quinze dias, eis que meu novo amigo volta para São Paulo e em uma conversa eu descubro que o seu pai tem usinas de cana-de-açúcar, várias fazendas, ou seja, a definição do latifundiário que sempre me causou repulsa.

Porém, nesse momento da descoberta nós já éramos amigos e eu me vi diante de uma pessoa que em teoria deveria odiar, pois representa a concentração de renda, a exploração do trabalho e muitas outras coisas que abomino, mas que eu gostava muito.

O resultado de tudo isso é que hoje posso dizer que eu tenho um amigo latifundiário, que embora eu ache que tenha que fazer reforma agrária nas fazendas do pai dele é a primeira pessoa que eu esconderia em uma revolução, para tê-lo expropriado, mas com vida, ainda que no socialismo.

sábado, 15 de agosto de 2009

...

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.



Fernando Pessoa
(Odes de Ricardo Reis)

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Um dia

Um dia, aprendemos que a vida não pode ser a extensão de nossos sonhos, aprendemos que as pessoas também não podem caber neles, há um descompasso, sonhos são muito maiores do que pessoas. Com o tempo, aprendemos que mesmo o maior dos amores pode não bastar, ainda que recíproco, ainda que eterno.

Mas também há o dia em que acordamos e resolvemos viver tudo, até a última gota, mesmo que na sua incompletude, na sua falta de perspectiva. É o dia em que aceitamos que continuaremos a sonhar, a amar, mas que acima de tudo, sabemos que é preciso viver, apesar de...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

De tragédias e farsas: Serra e a lei antifumo

Antes de mais nada, não, eu não fumo. Muito pelo contrário, tenho rinite e o cheiro do cigarro me irrita bastante. Mas sinceramente, nada nem ninguém me irrita mais do que os defensores do governador e o próprio governador, aliás acho que de tucanos só o Fernando Henrique me causa mais asco do que o Serra.

O engraçado é que se a lei antifumo viesse do governo federal com certeza estaria infringindo a liberdade individual, iriamos ter Arnaldo Jabores da vida e a tropa de choque da "Força Serra Presidente" toda caindo matando em cima da lei, mas como vem do digníssimo José Serra é uma lei de civilizados, como existe em tantos outros países civilizados.

Faça-me o favor, uma lei estadual sendo defendida com tanta veemência no horário nobre, tantas justificações ideológicas para uma lei que tem muito o que ser contestada ao analisar o seu texto integral me irritam profundamente, mais do que isso, ver tanta hipocrisia me deixa profundamente indignada.

Isso sem contar a quantidade de dinheiro gasto com propaganda. Algo que como vem da tucanada ninguém reclama. Se bem que por um outro lado isso até vai ter um efeito positivo, pois sempre que subo as escadas do meu prédio e vejo o cartaz da lei nas paredes eu me lembro do José Serra, lembro especialmente que ano que vem vai ter eleição, ele vai ser candidato a presidente e além da forte campanha contra que pretendo fazer, espero que a derrota seja maior e mais vergonhosa do que a de 2002.

E há nisso tudo ainda mais um agravante, pois já que o nosso querido governador fez essa lei às vésperas de ano eleitoral vai fazer de tudo para que ela pegue e alavanque a sua candidatura, o que siginifica mais gastos e mais obscuridades. O que eu quero ver é como vai ser o controle em universidades, por exemplo, um local onde nem o uso de maconha eles conseguem conter, mas isso já é um outro assunto.

O fato é que o dinheiro a ser gasto com a fiscalização vai ser bizarro, mas como a classe média paulista tem grande interesse em eleger um dos seus pares, já que oito anos com um metalúrgico que distribui dinheiro para pobre na presidência foi o ápice da humilhação, todos farão vistas grossas. Então, depois dos fiscais do Sarney agora teremos os fiscais do Serra. Realmente, Marx tinha razão, a história repete, primeiro como tragédia e depois como farsa.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Foi Carmem

O mágico da arte é o fato de que muitas vezes ela não precisa de palavras para nos tocar, a sensação de observar uma obra de arte pode ser capaz de nos transformar. E quem for ao teatro ver "Foi Carmem" vai entender o que eu digo.

Como assim, uma peça de teatro sem palavras? Sim, não há diálogos no espetáculo, mas em todo o momento o mito Carmem Miranda está presente, em imagens que nos carregam em busca daquela Carmem construída pelo malandro, pela menina, pela passista.

Assistir "Foi Carmem" é ter contato com o que há de mais sublime na arte, é mais do que um espetáculo teatral, é um contato com as artes plásticas, com a dança, em síntese, com tudo que mais nos comove.

E para mim, mais do que isso, foi um reencontro com muito do que acredito e que acreditava estar perdido. Foi como se voltasse a um tempo para que pudesse reconstruir algumas coisas. Foi preciso encontrar o mito para que o desmitificasse.