segunda-feira, 11 de maio de 2009

Do mundo que criamos ao mundo que vivemos...

"Mas é sempre assim
É uma regra maldita e geral
Ou feia ou bonita
Ninguém acredita na vida real"

Parecia que foi ainda ontem que estávamos juntos, que divertíamos como se não fosse haver o dia seguinte. Naquele tempo, queríamos construir um mundo paralelo em que não existiria espaço para nossos medos, nossas dores, um mundo onde nossos preconceitos fossem deixados de lado em nome de algo maior, mas que nós mesmos não sabíamos o que era.

E assim fomos felizes, nossos encontros eram felizes. Em nossos rostos estava a marca de uma vida em que a palavra de ordem era intensidade, queríamos viver tudo sempre até a última gota. Cada palavra era dita e digerida até a última gota. Nada passava impune a nós, cada olhar que se cruzava, cada gesto desferido tinha uma potência enorme e desconhecida, capaz de nos fazer alheios a tudo que se passava a nossa volta.

Mas um dia desfizemos nosso castelo e fomos enfrentar o mundo real. E junto com nosso mundo foi levado um pouco de nossos sonhos. A cara cinza e feia da vida real nos assustou, porém não fomos capazes de perceber que era apenas uma máscara e nos embrutecemos. Desfizemos de nossos sonhos, a nossa imensa liberdade se transformou na mais dura das prisões, quando então nos deparamos com a contradição de nos vermos transformados em reféns de nossa própria liberdade.

Não, não foi ontem que estávamos juntos no nosso mundo fantástico, ontem nos reencontramos já com a nossa cara inebriada pelo mundo real. E quando te vi, achei que chegaria junto a ti e nada teria mudado, mas foi um engano, tudo mudou. Nós mudamos. Mas não há culpados, apenas crescemos e não há nisso um juízo de valor negativo. Nossas vidas tomaram rumos diferentes e não é possível voltar ao que acabou, viver algo que não existe mais.

De nós o que existe são apenas lembranças, eternizadas em nossas memórias de maneiras bem diversas naqueles momentos em que acreditávamos estarmos vivendo o nosso sonho. Pode parecer pouco, mas se trata de uma parte de nossas vidas vivida sem regras, sem pressões e especialmente sem tempos mortos, e isso é muita coisa.

Um comentário:

  1. O Lester, saiu de casa com seu contrabaixo
    Sonhos na cabeça, vizinhos no portão,
    A vida lhe dizendo "não".

    O Lester, subiu às nuvéns tão desengonçado,
    dançou entre as estrelas, trombetas a soar
    mas veio o mundo lhe acordar.

    "Oh Lester, não se perca por aí", diz seu pai, diz sua mãe
    E todos os vizinho no portão
    "esse menino sonha tanto, tanto..."

    O Lester, brincou com as linhas de seu pentagrama
    Pulou amarelinha, riscando-as no chão
    E as enrolou em seu pião.

    O Lester, esqueceu de provas e trabalhos
    Deixou fogão aceso e contas a vencer,
    desaprendeu pra entender:

    "Amigos não se percam por aí"
    Disse ao pai, disse à mãe, e a todos os vizinhos no portão:
    "Com os meus sonhos compro qualquer sonho.
    Com os meus sonhos compro qualquer sonho.
    Com os meus sonhos compro qualquer sonho, qualquer casa, qualquer apartamento em frente ao mar, carro zero conversível, dias quentes, flores e unicórnios... E durarão eternamente até o amanhecer."

    Oh, Lester, loster, Lester, Lester, Loster...


    [Musiquinha velha. Acreditar em sonhos não é facil. Acreditar em sonhos não é fácil. Acreditar em sonhos não é fácil. Devemos então, viver neles. Kaic'kul, nosso senhor.]

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