quarta-feira, 18 de março de 2009

Em um mundo que valoriza tanto a razão, não há nada de mais irracional do que a intolerância e o preconceito. Não consigo compreender porque algumas pessoas podem ser consideradas menos cidadãs do que outras pela cor da sua pele ou pela sua orientação sexual.

Ontem fui assistir Milk, a voz da igualdade, e saí do cinema com a sensação de que quantos passos darmos na direção de mais racionalidade, contraditoriamente, outros tantos estaremos caminhando para mais irracionalidade.

É muito estranho ver que um cidadão tenha que lutar para poder expressar seus sentimentos livremente, por poder dar um beijo em público sem correr o risco de ser preso, lutar para poder exercer sua profissão livremente sem ser taxado de querer corromper crianças pelo simples fato de ter uma outra orientação sexual.

É difícil compreender que tais acontecimentos ocorreram em um mundo que acabara de passar por um movimento de liberação de costumes em que se clamava por amor livre, e é mais difícil ainda, a compreensão de que hoje, em pleno século XXI, temos que assistir tamanha intolerância.

Por outro lado, tenho cada vez mais certeza de que só se consegue mudar alguma coisa com mobilização, é preciso ir para as ruas, mostrar a cara, lutar por cada direito que garanta cidadania plena a todos. Nesse sentido, ainda que descaracterizada e transformada em um grande comércio, é extremamente necessário que se tenha um evento como a Parada Gay, que reúna 3 milhões na Avenida Paulista, para mostrar que a minoria nem é tão minoria assim e que ainda se fosse merece ser respeitada.

Dizem que cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é, e que portanto, somente quem sofre um preconceito sabe o quanto custa se assumir e lutar por direitos, mas direitos não são dados e sim conquistados, e só se conquista algo com muita luta, e para isso é preciso mostrar a cara. E essa é uma batalha de todos que lutam por menos intolerância, independente da cor, do sexo ou da orientação sexual.

Assim como me fez pensar na contradição entre racionalidade e irracionalidade, assistir Milk me fez pensar também na contradição entre sentimentos, por um lado o pessismismo de ver que mesmo com todos os avanços por que passou, o mundo continua tão intolerante e por outro o otimismo de que com muita luta é possível uma transformação.

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