sábado, 19 de setembro de 2009

Sobre Arnaldo Baptista e a cultura da celebridade

Acabei de assistir ao documentário Loki, sobre a trajetória de Arnaldo Baptista e ao vê-lo me fez pensar sobre essa tão falada cultura da celebridade. À primeira vista, parecia estar vendo a decadência de um artista que passou do estrelato ao semi anonimato e com isso enlouqueceu. Mas um olhar mais cuidadoso nos faz ver além disso.

Arnaldo é um grande artista, o que é preciso ser reconhecido independente de se gostar da sua música, de uma sensibilidade e inteligência acima da média e como toda alma de artista não consegue viver o mundo de quem encara o dia-a-dia, trabalha 8 horas por dias e recebe um salário no final do mês. Talvez o medo de ter que acabar como os demais reles mortais o tenha feito tentar o suícidio.

A dinâmica do show business é totalmente diversa de uma vida de anonimato e ainda que possa ser criticada, quando se vive nela, acostuma-se com a roda viva. Ver e ser visto, criticado ou elogiado mexe com o ego de qualquer pessoa. De uma maneira ou de outra, todos procuram ser reconhecidos e ver o seu nome nos jornais, nas ruas; ser célebre no meio da multidão de anônimos faz o indivíduo acreditar ser diferente dos demais.

O problema maior está quando se perde a dimensão do quão falso é esse mundo de aparências e pior ainda é ter que voltar a ser anônimo, se ver como mais um quando se acreditava ser o outro, aquele que um dia já foi cultuado. É aí que surgem as histórias de gente que esquecida pela mídia e num afã de voltar aos holofotes fazem coisas das quais a nossa racionalidade não compreende, chegando até a tentar se matar.

Não creio que esse seja o caso específico de Arnaldo Baptista, pois se trata de um grande artista, menos interessado em aparecer na mídia do que em viver da sua arte. Mas o seu caso me fez pensar nesse mundo de celebridades, no qual inebria a tantos.

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