sábado, 4 de abril de 2009

Sobre o preconceito

Talvez só possamos entender o preconceito e algumas atitudes de quem o sofre sendo vítima dele, porque algumas coisas são ininteligíveis para mim.

Digo isso porque dia desses estava em um bar tomando uma cerveja com um amigo enquanto esperávamos o seu namorado chegar. O bar ficava nesses redutos de artistas, intelectuais e os protagonistas do acontecido também eram pessoas que vivem nesse meio.

Eis que o namorado do meu amigo chega e o cumprimenta com um beijo no rosto. Eu olhei a cena e fiquei quieta, continuamos o assunto anterior como se nada tivesse acontecido, mas não conseguia tirar aquele momento da cabeça.

Pelo que eu sempre ouço do meu amigo eles são um casal apaixonado, fazem planos de morar juntos, em síntese, eles eram bem resolvidos em relação a questão, o que me levaria a crer que eles iriam se encontrar e se cumprimentar com um beijo na boca, o que efetivamente não ocorreu.

Mas não é o fato do beijo, ou da falta dele, que me incomodou, o que me incomoda é saber que muito provavelmente o motivo pelo qual eles não deram um beijo em público seja resultado do preconceito que sofrem, que ainda os colocam como desviados da sociedade, obrigando-os a manifestarem publicamente o que sentem somente em guetos, lugares autorizados.

Fico pensando o quanto fica tão mais difícil lutar por direitos, nem que seja apenas pelo direito de manifestar publicamente carinho por outra pessoa do mesmo sexo, se a própria vítima do preconceito aceita o lugar que foi dado a ela. Mas por outro lado, como julgar essas pessoas se não somos nós quem sofremos o preconceito.

Saí do bar um pouco mais descrente na humanidade e com algumas perguntas sem respostas. Até quando vamos continuar a erguer muros com base em preconceitos? Até quando vamos tratar as diferenças como algo que inferioriza? Até quando precisaremos de guetos?

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