quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Sobre uma certa contradição

A vida é realmente cheia de contradições, mas algumas delas nos pegam de um jeito que não há dialética que consiga interpretar. Eu caí numa dessas, conheci um latifundiário, que por uma dessas ironias do destino se tornou meu amigo.

Quando o conheci sabia que ele era filho de usineiro, mas a minha cabeça avoada não ligou as usinas do pai às fazendas de cana no interior de São Paulo. Nos conhecemos e a empatia foi logo de início, bastou um dia para estarmos nos jogando na balada como se fossemos velhos conhecidos, ele é uma daquelas pessoas que não teve vergonha de perder a dignidade junto comigo na noite do meu aniversário.

Pois bem, passados quinze dias, eis que meu novo amigo volta para São Paulo e em uma conversa eu descubro que o seu pai tem usinas de cana-de-açúcar, várias fazendas, ou seja, a definição do latifundiário que sempre me causou repulsa.

Porém, nesse momento da descoberta nós já éramos amigos e eu me vi diante de uma pessoa que em teoria deveria odiar, pois representa a concentração de renda, a exploração do trabalho e muitas outras coisas que abomino, mas que eu gostava muito.

O resultado de tudo isso é que hoje posso dizer que eu tenho um amigo latifundiário, que embora eu ache que tenha que fazer reforma agrária nas fazendas do pai dele é a primeira pessoa que eu esconderia em uma revolução, para tê-lo expropriado, mas com vida, ainda que no socialismo.

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